- Rio de Janeiro pode ter uma intervenção federal (militar) em poucos dias. Toda proposta de resolução do problema da violência no Rio de Janeiro é bem vinda, entretanto, os moldes a que se propõe essa "intervenção" estão sendo bem questionados no cenário político-sócio-jurídico do país.
- Michel Temer - ainda presidente - junto com o governador Pezão, ambos do PMDB, estão prestes a sacramentar nas próximas horas uma "emboscada constitucional" de grande envergadura, abrindo um precedente miserável ao retorno de uma história macabra que perdurou mais de vinte anos no Brasil, a famigerada Ditadura Militar. Um regime obscurantista, maldito, cheio de mentiras, engodos e, para vergonha dos ditos "heróis", muitas mortes, com muitas irresolutas até a data de hoje.
- Preciso atestar uma verdade: o Rio padece na mão da criminalidade; mas não vejo tanta vantagem em retroagir tanto, ao ponto da União fomentar uma possibilidade clara de um novo golpe militar, o que seria receber a recompensa da lei da semeadura, a saber, o que fora feito com a ex-presidente Dilma Roussef. Não esquecendo, que se assim for decretada, a intervenção impede a votação de mudanças constitucionais, incluindo ainda as possíveis reformas "orgásticas" do governo Temer, principalmente a reforma da previdência. Em miúdos, seria um suicídio político completo de Temer e de sua corja de asseclas.
- Em ano eleitoral, a notícia pode gerar a reviravolta do cenário político nacional; lamentavelmente, podendo alavancar a candidatura do inútil Jair Bolsonaro, que vive à sombra do quesito segurança pública, onde o mesmo quando era militar da "ativa", chegou a conspirar contra a própria classe, tudo pela busca desenfreada de aumento de salário - bem interessante ao "honestíssimo" deputado. Ai, caso se configure essa "presepada" eleitoral, o Brasil migrará à uma desgraça social sem precedente, com perdas ainda maior do que as exauridas por Temer.
- Talvez, os pueris que não viveram e que tanto defendem o regime (ditadura) militar possam começar a refletir pelos futuros acontecimentos no RJ. Defender um estado de opressão, antagônico à realidade, cerceador de direitos, principalmente da liberdade, é esdruxulo e medíocre, quando de forma ignorante parte daqueles que sequer passaram por um segundo deste regime. Não sabem também, por não terem parentes sequestrados, torturados, sumidos e mortos por um grupo que pregava a justiça, mas sem liberdade e o devido processo legal - que abarca a ampla defesa e o contraditório -, soa como poluição ao intelecto daqueles que conhecem e sentiram de perto a dor do ferro torturador da ditadura. Digo por mim, meu avô paterno sumiu em 1970 no Ceará pela mão do DOI-CODI e do terrível e criminoso Comandante Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos maiores assassinos e torturadores das "décadas malditas" do militarismo, e até hoje, nunca descobrimos o seu paradeiro.
- É isso que querem que volte ao Brasil? Uma "colheita maldita" que ceifará muitas outras vidas inocentes. Dessa vez não vai existir o "placebo" do comunismo - informação forjada nos quartéis na busca intensa de responsabilizar alguém, ou algum grupo dos terríveis atos militares. Neste ínterim, caso ocorra no RJ, todo o ordenamento jurídico será queimado nas praças, nas vielas, nas favelas, nos becos, claro, com o suporte de que estão "dentro da lei". Constituição Federal? Adeus, querida! Código Penal? Morreu! Não há lei para assassinos!
- O que se pretende com essa intervenção, e está bem nítido a olho nu, é que não se tem capacidade de gerir mais o Brasil, e querem nos jogar aos
cães vorazes para nos dissipar de vez. Seria o início do fim?
Uma singela homenagem ao meu avô:
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Dr. Manoel Xavier Pires Médico, Mestre e Doutor em Ciências da Saúde, Professor Titular de Anatomia da UFCE de 1967 a 1970
☆ 30/01/1922 ✝ 14/11/1970 (data presumida) |