"O país vive o maior escândalo de corrupção da história", com esta frase o Deputado Federal André Moura (PSC-SE) abriu seu discurso pelo "SIM" na votação do processo de impeachment da Presidenta Dilma. Acusado de formação de quadrilha e tentativa de homicídio, o deputado que é exímio aliado de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi veemente acusador da presidenta, esquecendo ele que ainda é acusado de desvio de verba pública em seu estado.
Não obstante a isso, 7 dos 70 deputados que citaram "corrupção" em seus discursos possuem processos e/ou condenações por delitos graves, incluindo corrupção.
Interessante, e muito, foi o caso da Deputada Federal Raquel Muniz (PSD-MG), onde ela dedicou o voto ao seu marido Ruy Muniz, enfaticamente contraria à corrupção, entretanto, seu consorte fora preso no dia seguinte por corrupção na prefeitura de Montes Claros/MG.
Alberto Fraga (DEM-DF) foi um dos mais votado no Distrito Federal. Em seu voto domingo, ele bradou: "Se 342 votos eu tivesse, 342 votos eu daria pra salvar meu país dessa corrupção, dessa ladroagem que se chama PT. Meu voto é 'sim'!". Porém, no STF, Alberto aparece como suspeito de ter recebido R$ 350 mil em propina quando era secretário de Transportes do DF, durante a gestão do governador José Roberto Arruda, preso pela PF em 2010.
Eleito pelo PSB da Paraíba, Rômulo Gouvêia, na sessão do fim de semana, afirmou que a Câmara estava votando o fim da corrupção. Gouvêia responde a uma ação penal sob acusação de ter dispensado de forma ilegal licitação para contratação de uma empresa de publicidade quando presidia a Assembleia Legislativa da Paraíba em 2003.
A crise da merenda escolar de São Paulo continua a trucidar seus algozes, o Deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) foi apontado pelo ex-presidente da COAF (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) Cássio Izaque Chebab, como sendo beneficiário de propina do esquema da merenda escolar.
Assim, aquela máxima de que "quem tem telhado de vidro não atira pedra no telhado alheio" funciona literalmente. Ora, libertação da corrupção deve ser manifestada por quem, realmente, não tenha dívidas com a sociedade.
Fonte: Folha de São Paulo