Cerca de dez membros de uma tribo indígena ficaram feridos em uma disputa por terras no norte do Brasil, e pelo menos um deles teve as mãos decepadas, segundo relatos de grupos de direitos indígenas na segunda-feira.
Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), membros da tribo Gamela estavam deixando uma terra recentemente recuperada de fazendeiros no Povoado das Bahias, município de Viana, no Estado do Maranhão, quando foram atacados na tarde de domingo por dezenas de homens armados com facões, armas de fogo e pedaços de madeira.
Três vítimas continuavam hospitalizadas em São Luís, sendo um deles em estado grave, segundo o Cimi e a Comissão Pastoral da Terra do Maranhão. Nenhuma morte foi relatada.
"Adeli Ribeiro Gamela foi atingido por um tiro na costela e um na coluna, e teve mãos decepadas e joelhos cortados. O irmão dele, José Ribeiro Gamela, levou um tiro no peito", disse a Pastoral da Terra em comunicado, acrescentando que o terceiro hospitalizado foi atingido com tiros na cabeça, no rosto e no ombro.
"Denunciamos, neste contexto, que a ação criminosa e violenta ocorrida neste domingo foi planejada e articulada por fazendeiros e pistoleiros da região, que, através de um texto no Whatsapp, convocavam pessoas para o ataque contra os indígenas", disse a Pastoral da Terra do Maranhão.
O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, para evitar mais conflitos enviou uma tropa da Polícia Federal ao local. Serraglio disse, que o Ministério da Justiça estará de pronto a diluir os conflitos. A PF também ofereceu apoio à Secretaria de Segurança Pública, que já instaurou inquérito para investigar o caso.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) disse, em nota divulgada pelo Ministério da Justiça, que acompanhará in loco o inquérito a partir de terça-feira, e que um comitê de crise será formado para "prestar toda a ajuda necessária aos feridos e garantir o cumprimento da lei".
O partido Rede Sustentabilidade disse que vai propor na terça-feira que a Câmara dos Deputados e o Senado criem uma comissão externa mista para acompanha in loco as investigações no Maranhão, assim como o assassinato de nove agricultores em Colniza, no Mato Grosso, já que ambos os casos envolvem conflitos fundiários.