O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin autorizou nesta terça-feira que a Polícia Federal realize um interrogatório do presidente Michel Temer e pediu pressa na conclusão do inquérito a que ele responde por obstrução de Justiça, corrupção passiva e organização criminosa.
Na decisão tomada nesta terça-feira, Fachin manteve juntos no mesmo inquérito Temer e o suplente de deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), justificando a medida por entender que há "concretos pontos de contato" entre as investigações que envolvem os dois.
O ministro do Supremo também decidiu dar um prazo máximo de 10 dias para que as apurações sejam concluídas pela Polícia Federal diante do fato de que Roberta Funaro, irmã do empresário Lúcio Funaro, está presa preventivamente nesse caso.
O ministro deu prazo de 24 horas para que Temer responda às perguntas formuladas pela PF no inquérito. O chefe do Poder Executivo Federal poderá se manifestar por escrito, prerrogativa prevista em lei para presidentes da República.
A defesa de Temer havia pedido inicialmente que a investigação contra ele caminhasse sozinha. Contudo, Fachin justificou que Temer e Rocha Loures sejam investigados conjuntamente.
"No que diz respeito aos investigados Michel Miguel Elias Temer Lulia e Rodrigo Santos da Rocha Loures, infere-se, em apertada síntese, que, consoante o órgão acusador, a atuação de Joesley Mendonça Batista teria sido direcionada à obtenção de um novo interlocutor para a tratativa dos interesses do Grupo Empresarial J&F no seio da Presidência da República, tendo o primeiro, em tese, indicado o segundo para uma suposta continuidade desse relacionamento", argumentou o ministro.
Em uma ação controlada com autorização do STF, Rocha Loures foi flagrado recebendo uma mala com 500 mil reais de propina da JBS. O empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, disse em delação premiada que Rocha Loures foi indicado por Temer para tratar de negócios referentes ao presidente. Contudo, o presidente nega.
Por outro lado, Fachin determinou que o caso referente ao presidente licenciado do PSDB, o senador afastado Aécio Neves (MG), seja redistribuído para outro ministro do STF. O tucano era alvo do mesmo inquérito de Temer e Rocha Loures. Ele argumentou que a atuação de Aécio perante o grupo J&F, é "autônoma" do caso que envolve os peemedebistas.
Aécio Neves será investigado juntamente com sua irmã, Andrea Neves, seu primo, Frederico Pacheco de Medeiros, e o assessor do senador Zezé Perrella e cunhado desse parlamentar, Mendherson Souza Lima.
FONTE: REUTERS BR