Nos últimos capítulos a frente da Procuradoria-Geral da República, Rodrigo Janot afirmou que manterá o mesmo ritmo de investigações e denúncias de corrupção até o final de seu tempo no cargo. "Enquanto houver bambu, vai ter flecha", declarou o procurador-geral durante palestra no 12º Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), realizado no sábado 1. Em 29 de junho, Janot denunciou o presidente Michel Temer por corrupção passiva ao Supremo Tribunal Federal (STF). No evento, afirmou: "Faria tudo de novo".
"Não é possível que para denunciar seja necessário o flagrante da pessoa colocando a mão na carteira", disse ele, que baseou a denúncia contra o peemedebista em delações, áudios gravados e na relação do presidente com o deputado Rodrigo Rocha Loures, solto na última sexta 30. "A mala diz tudo", concluiu Janot sobre Loures.
Rodrigo Janot deixa o cargo para a subprocuradora-geral Raquel Dodge, que assumirá a posição. "Até o dia 17, a caneta está em minhas mãos". Dodge foi escolhida por Temer a partir de uma lista tríplice elaborada pela PGR. A tradição de escolher o primeiro colocado, o mais votado pelo órgão, iniciada em 2003 no governo Lula, foi quebrada. A nova procuradora-geral era a segunda da lista. Para Janot, porém, a decisão foi legítima.
O procurador afirmou que apesar das divergências com Dodge, não tem nada contra a subprocuradora. Lembrou também que Raquel estudou nos Estados Unidos, onde o acordo penal é mais brando, assim como na Itália, onde Janot estudou. "O acordo penal deve ser flexível, caso contrário não há acordo", concluiu o procurador.
As declarações foram feitas durante a palestra "Desafios no combate à corrupção: a Operação Lava Jato", na qual o procurador foi entrevistado pela jornalista Raquel Lo Prete.
FONTE: CARTA CAPITAL
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